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Estudante do Campus realiza estágio em Universidade da Alemanha

Publicado: Segunda, 25 de Março de 2024, 15h18 | Última atualização em Segunda, 25 de Março de 2024, 23h43

No final de 2023 Victor Bollo realizou o sonho de estagiar fora do país.

“Era o sonho do meu pai ir para a Alemanha, mas ele não conseguiu. Teve uma oportunidade de ir pra lá quando jovem, para estudar Física, mas meu avô não tinha condições financeiras. Acabou que ficou com esse desejo e passou pra mim. Quando surgiu a oportunidade de ir, ele fez todo o possível para me ajudar. Foi um sonho que eu realizei para ele por tabela”, palavras de Victor Bollo, estudante de Engenharia Metalúrgica do Campus Vitória, que conseguiu realizar esse desejo no final de 2023. Foram cerca de três meses, entre setembro e dezembro, estagiando no Laboratório de Química Inorgânica da Universidade de Kiel, no norte da Alemanha. Ele, que entrou no Ifes em 2018, conta que a já buscava viabilizar essa experiência desde antes da pandemia. “Eu sempre ouvia os outros falando como era caro, vi vídeos das pessoas relatando a dificuldade em contratar uma agência e como o valor para isso era fora da nossa realidade. Queria ver alguma situação que fosse mais real, dentro da minha condição financeira. Essa busca acabou me levando a Iaeste (International Association for the Exchange of Students for Technical Experience). Eles são uma ONG e você concorre a uma vaga através de um sistema de pontos, conquistados através de suporte que você dá ao programa, por exemplo você aumenta sua pontuação conseguindo vagas de estágio para estudantes de fora, cadastrando sua escola como parceira, buscando estrangeiros no aeroporto etc.”, conta o aluno.

Sobre o processo Victor explica: “a inscrição é bem tranquila, só é um pouco burocrática a questão dos documentos, que precisavam estar todos em Inglês”. Ele, que começou o processo ainda durante a pandemia, enfrentou dificuldades para conseguir fazer uma pontuação. “Como estávamos em isolamento, eu não tinha como fazer as atividades que me dariam pontos, só podia fazer minha inscrição no programa, o que já me dava alguns pontos. Com esses pontos eu consegui, em 2022, uma chance de ir para a Índia, mas como era uma parte isolada do país, acabei recusando. No ano seguinte, na primeira rodada surgiu uma vaga para a Polônia, mas era um mês só, financeiramente não compensava. Resolvi arriscar e tentar a segunda chamada e fui classificado para essa vaga na Alemanha”. Além de providenciar a documentação, ele ainda teve que passar por uma entrevista com a sua futura orientadora. “Não era algo comum, mas minha orientadora era brasileira, eu dei muita sorte e fizemos uma parte da entrevista em Português, mas em determinado momento ela pediu para mudarmos para o Inglês, pois era a língua que eu usaria lá para me comunicar”. Durante a conversa ele foi questionado sobre sua experiência em laboratório e seu currículo e ao final foi comunicado de que a vaga seria dele. “Quando ela falou que estava aprovado a minha vontade era de surtar, não estava caindo a ficha. Eu não tinha conseguido passar nos estágios aqui no Brasil, mas tinha acabado de ser selecionado para estagiar fora do país”, acrescenta o aluno.

Após cuidar de toda a documentação necessária, Victor recebeu o contato de uma alemã, que também estava se candidatando ao programa e que deu a ele várias informações sobre a região e a chegada, além de colocá-lo em contato com uma brasileira que também estava indo para Kiel pela Iaeste, mais ou menos na mesma época que ele. “Acabou que as duas vagas para estagiar lá foram preenchidas por brasileiros e quanto mais brasileiros juntos, para se ajudar, melhor, ainda mais em um país completamente estranho e sozinho pela primeira vez. Curiosidade, essa foi a primeira vez que eu viajei de avião na minha vida e já para um lugar há nove mil quilômetros de distância. Falo para os meus colegas, quando cheguei ao portão de embarque no aeroporto de Guarulhos era eu, minha mochila e um sonho”.

Com relação às suas atividades, ele esclarece: “quando eu cheguei lá no laboratório me foi passado que eu deveria produzir nanopartículas de prata para o projeto da minha orientadora, o objetivo era descobrir a origem de um elemento que havia aparecido em uma amostra avaliada em 2019 e eles não estavam conseguindo identificar. Esse trabalho iria se tornar um artigo que seria publicado. No início minhas atribuições eram aprender como produzir as nanopartículas, como plotar e analisar os gráficos, como utilizar os equipamentos, como era a burocracia lá para realizar as análises e tudo mais. Depois disso que eu comecei a fazer a análise investigativa do que era o elemento. Tudo o que eu utilizei e fiz lá no laboratório eu aprendi aqui no laboratório do Ifes. Nos cursos de Química Experimental I e II e de Química Analítica. Volto de lá com a experiência de saber que é uma coisa completamente possível para qualquer aluno aqui do Ifes, é uma experiência muito gratificante”.

Além da experiência profissional, Victor conseguiu aproveitar para conhecer a Alemanha e até outros países. “Você não fica preso só a universidade. Eu tive a oportunidade de ir pra Suécia assistir as apresentações da Semana do Prêmio Nobel, com os ganhadores de 2023, na semana em que eles foram premiados. Participei como congressista e não precisei pagar nada”, acrescenta o estudante.

“Foi uma experiência maravilhosa e totalmente nova. Ainda não caiu a ficha. Foi tudo tão tranquilo que nem parece que fui pra fora. Achei que teria muita dificuldade, que surgiriam muitos medos durante o trabalho e a estadia lá, mas o fato de trabalhar com algo que já tido experiência aqui auxiliou bastante. Uma das coisas que mais ajudou foram as amizades que fiz lá. As pessoas falam da frieza dos alemães, mas, não sei se tive sorte, na minha equipe de trabalho todo mundo era muito gentil e amigável. Tinha gente lá que eu falava que mais parecia brasileiro”, conta Victor. No quesito desenvolvimento profissional, ele explica que essa oportunidade permitiu a ele, como estudante de engenharia, vivenciar o dia a dia de um ambiente de pesquisa. “Eu estava em um grupo de trabalho em que os participantes estavam o tempo todo se apoiando. Na equipe tinha gente fazendo pós-doutorado, mestrado, graduação. Não era, só estudantes de graduação em engenharia, mas sim de outros cursos também. Eram pessoas que tinham muito conhecimento e estavam contribuindo ali uns com os outros para trazer essa evolução. Trouxe muito esse conhecimento do que é ser um pesquisador fora do Brasil. A gente tem uma tendência de pensar que isso lá é completamente diferente, mas não, é muito parecido com o que a gente tem aqui. É uma experiência que, como me disse um amigo que fiz na Suécia, te permite ter uma mente mais cosmopolita, te transforma em um cidadão do mundo”, finaliza ele.

Matrícula especial
Para conseguir estagiar, Victor precisava manter o vínculo como aluno com o Ifes. Para isso ele lançou mão de um recurso chamado Matrícula Especial para Fins de Estágio, que é amparado pelo artigo 29 do Regulamento da Organização Didática (ROD) e pelo artigo 5º, parágrafo primeiro, da Resolução do Conselho Superior Nº 58, de 2018. Importante que todos aqueles que queiram estagiar, não só fora do país, procurarem orientação no Setor de Estágio do Campus.

 

Foto Victor Bollo

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