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Ex-aluno é aceito para três mestrados e dois doutorados nos EUA

Publicado: Segunda, 17 de Junho de 2024, 15h56 | Última atualização em Segunda, 17 de Junho de 2024, 18h52

Ele formou-se em Eletrotécnica e cursou a graduação nos Estados Unidos.

Vitor Lacerda Siqueira, ex-aluno de Eletrotécnica do Campus Vitória, acabou de se formar pela Pitzer College, na Califórnia, e foi aprovado para três mestrados e dois doutorados, sendo um deles na New York University, onde pretende dar continuidade aos seus estudos. Natural de Mutum, Minas Gerais, veio para Vitória aos 15 anos para fazer o Ensino Médio no Ifes. A vontade de se aprofundar nos estudos, segundo ele, veio desde cedo. “Eu sempre estudei em escolas públicas aqui na minha cidade, e, aos dez anos, comecei a participar da OBMEP, que é a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Ganhei medalhas no sexto, sétimo, oitavo e nono anos. Dessa experiência, percebi que minha cidade não tinha as condições que eu precisava para me desenvolver e que esse mundo acadêmico poderia me dar essas oportunidades. Duas coisas contribuíram: minha cidade é na divisa com o Espírito Santo, então é mais fácil ir pra Vitória, do que para Belo Horizonte; outro ponto foi que minha irmã morava em Vitória. Foi ela que me apresentou o Ifes”, conta o egresso.

Ele acabou tentando o processo seletivo e entrou por meio das cotas para quem estudou em escola pública. “O Ifes foi, talvez, a melhor coisa que fiz na minha vida, pois, após ir pra lá, mais oportunidades se abriram e pude me desenvolver e chegar até onde estou hoje. Foi uma jornada interessante, nela eu aprendi não só a parte acadêmica, mas me desenvolvi muito como pessoa. Eu cursei Eletrotécnica, na época não tinha muita noção da diferença dos cursos, mas como gostava de matemática, por causa do OBMEP, fazia sentido. Acho inclusive que fazer esse curso me desafiou, porque eu percebi, quando cheguei lá, que eu estava em um nível um pouquinho defasado por nunca ter estudado Física e Química; e mesmo as provas de Matemática eram muito avançadas. Então no primeiro ano, me senti não tão no nível da instituição e que precisava correr atrás. Eu fazia turno vespertino na época e ia bem cedinho para estudar com amigos e a gente ficava até mais tarde. Foi um período em que eu me dediquei muito para me sentir no nível. Uma história interessante é que, no primeiro ano do ensino médio, eu quase reprovei em Física, tive, inclusive, reforço no contraturno. Já no segundo ano tirei umas das melhores notas de Física da sala e ganhei as Olimpíadas Brasileiras de Física e de Física das Escolas Públicas”, relata Vitor.

O diferencial do instituto, segundo ele, foi ter acesso a atividades que iam além da grade curricular, como: cantar no Coral; participar de grupo de pesquisa em desenho técnico; desenvolver projeto social que levava para as escolas públicas de Vitória o ensino de Matemática através da Arte; publicar em conferências nacionais e internacionais; além de continuar competindo em várias olimpíadas do conhecimento. “Foi um período de muita descoberta. Inclusive foi no Coral que eu comecei a pensar na possibilidade de estudar fora. Lá eu conheci a Carolina Guimarães, que depois saiu do país para estudar, mas nessa época o seu irmão frequentava Harvard. Esse foi o meu primeiro contato com essa possibilidade, descobrir que existiam bolsas e perceber que eu poderia explorar várias áreas de conhecimento, pois mesmo fazendo Eletrotécnica, eu estava em projetos de Artes e Música. Ela, que acabou indo para Yale. Foi uma inspiração”, compartilha o ex-aluno.

Vitor, cujo único contato com Inglês tinha sido no primeiro ano do Ensino Médio, teve que aprender o idioma em dois anos para tentar a aplicação para as universidades norte-americanas. “Eu aprendi inglês focado para fazer as provas, as redações e a graduação nos Estados Unidos. O processo é basicamente você enviar toda a sua vida extracurricular e, resumidamente, tem a prova de proficiência em Inglês; tem o SAT, que é como se fosse o Enem americano, que cai Inglês e Matemática. Além das provas você anexa cartas de recomendação de dois professores, de algum conselheiro ou diretor e envia todas as suas atividades extras, seus prêmios e redações que, geralmente, contam mais da sua jornada. O Ifes contribui pra isso, porque tudo o que você faz fora da grade curricular conta pra esse processo. Aí eu vivi experiências que viraram as minhas redações e as atividades extracurriculares contribuíram para o meu currículo ser interessantes. O Ifes me apoiou a experimentar novas coisas e áreas do conhecimento, a ver o conhecimento de uma forma que eu nunca tinha pensado antes. Não foi um processo fácil, ainda mais que no meu último ano fui aceito na USP, mas não tinha conseguido nenhuma de fora. Depois que me formei, voltei pra minha cidade natal e tirei um ano sabático para tentar novamente, e foi quando eu consegui: tinha sido aprovado para Stetson University, na Flórida” explica o ex-estudante.

Em 2019, ele vai pra os Estados Unidos com a ideia de cursar Física. “Lá a gente não precisa escolher o curso de cara, pode explorar várias áreas do conhecimento antes de fazer isso.  Fui todo feliz e no meu primeiro ano veio a pandemia e voltei para o Brasil. Em Stetson eu tinha uma bolsa chamada Full Tuition, que cobre 100% da mensalidade. Era a que tinha naquele momento, mas eu ainda tinha que custear alimentação e moradia. Então, nesse perídodo em que estava no Brasil, fiz outra candidatura e consegui transferir para Pitzer College, onde recebi uma bolsa que é chamada de Full Ride e cobre toda a mensalidade, a alimentação e a moradia. Em Pitzer eu tive a melhor experiência da minha vida, eles me apoiaram em tudo e potencializaram outras oportunidades, como, por exemplo, um semestre de intercâmbio na Coréia, com tudo pago; um estágio na Universidade de Harvard, uma das melhores instituições do mundo, onde fiz pesquisa durante três meses, na área de Linguística. Isso foi outra coisa que aconteceu em Pitzer: acabei mudando o foco de Física para Linguística. Aqui no Brasil, ela é na área das Letras, mas lá é parte das Ciências Cognitivas, sendo considerado um curso de exatas, apesar de ter uma parte de Ciências Humanas e Biológicas. É uma mistura de todos os meus interesses. Pitzer foi onde me formei em Linguística com um secundário em Espanhol e honras, devido ao meu Trabalho de Conclusão de Curso, que teve uma alta qualidade, e às minhas notas. Me formei em 11 de maio de 2024 e fui aceito em três mestrados e dois doutorados direto. Escolhi ir direto para o doutorado na New York University (NYU). Atualmente estou no Brasil de férias, mas ansioso para começar meu doutorado, que vai ser em Linguística, fui aceito com bolsa completa e também receberei um salário, que vai me permitir cobrir todo o meu custo de vida em Nova Iorque”.

Hoje, além dos estudos, Vitor mantém, em seu canal no Youtube e em sua conta no Instagram, informações para ajudar outros estudantes que possam ter interesse em tentar cursar alguma universidade nos Estados Unidos, segundo ele “a ideia de compartilhar a minha experiência, de mostrar com os meus conteúdos a possibilidade de estudar fora, se deve às muitas pessoas me ajudaram a conseguir esse processo. Eu vim de escola pública e não sabia nada de Inglês, então tive pessoas que apoiaram: meus colegas e meus professores do Ifes, o diretor de ensino da época era o Hudson Côgo e de quando fiz a transferência era o Márcio Có. Eles me ajudaram muito com a documentação, sou muito grato. Também tive ajuda gratuita da Brasa, que é a Brazilian Student Association, e da Fundação Estudar, na época. Então eu tive sempre mentorias gratuitas nesse processo. Essa minha produção de conteúdo é como dar de volta e ajudar às pessoas que talvez nem saibam que existe essa possibilidade de estudar fora. No meu canal do Youtube, por exemplo, tem tutoriais de como preencher os formulários e outros para os professores e os diretores. Já no Instagram, eu posto um conteúdo mais leve, contando um pouquinho da minha vida. Tudo para mostrar que isso é possível, mesmo vindo de uma realidade do interior e de baixa renda. Tudo na minha vida sempre foi dar um pouco de volta com o conhecimento que eu tinha, no ensino médio, por exemplo, fiz aquele projeto de ensino de Matemática através da arte, isso porque a Matemática mudou a minha vida com a OBMEP no ensino fundamental. Quando eu fui para os Estados Unidos, eu começo a fazer conteúdo para ajudar outros a conseguirem também. Assim, pensando na minha carreia, estudando Linguística, que é o estudo de basicamente todas as línguas do mundo, eu vejo que o conhecimento das línguas nativas, que temos no Brasil, podem avançar muitos nos estudos teóricos e é uma possibilidade de dar de volta para o meu próprio país. No meu doutorado, planejo poder ir para essas aldeias e investigar uma língua pouco estudada e talvez em risco de extinção e trazer esses dados para a linguística e para teoria e ao mesmo tempo poder contribuir para essas comunidades com materiais pedagógicos, para a língua continuar. Ensino e pesquisa são meus objetivos futuros”, finaliza o ex-aluno.

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