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Estamos conectados demais?

Publicado: Terça, 13 de Agosto de 2024, 09h57 | Última atualização em Terça, 13 de Agosto de 2024, 09h58

Se você já não se lembra quando foi a última vez que deixou de pegar o celular antes de dormir, pode ser que você esteja precisando de uma “desintoxicação digital”.

Uma pessoa sentada segura o controle remoto da TV numa mão e o celular na outra.Imagem por rawpixel.com obtida no Freepik

No mundo de hoje, é difícil imaginar a vida sem um celular. Os serviços digitais estão gradualmente substituindo nossas atividades presenciais e manuais, exigindo que estejamos constantemente conectados a um dispositivo. Segundo uma pesquisa da FGV, o Brasil possui mais de um smartphone por habitante, e desde 2021, as vendas de celulares aumentaram em cerca de 37%.

Vez ou outra somos relembrados das consequências do uso excessivo de telas. Podemos reclamar da “vista cansada”, caracterizada pela dificuldade de focar em objetos e sensibilidade à luz. O desconforto físico também se manifesta como dores de cabeça devido à exposição prolongada ao brilho. Sem contar as horas que passamos com a cabeça baixa mexendo nos eletrônicos, o que acaba tensionando nossos ombros, pescoço e coluna. E não é só nosso corpo que sofre; na verdade, os impactos gerados em nosso cérebro e mente também são bem sérios.

Como o cérebro reage ao uso excessivo do celular?

“Quanto mais a pessoa entra em contato com esses estímulos que causam recompensas rápidas e imediatas, maior a tendência de aumentar o comportamento. E aí ela começa a sentir falta quando não está perto do celular”, apresenta a médica psiquiatra Julia Khoury.

Uma das reações ocorre por meio de um processo químico envolvendo a dopamina. Esse é um neurotransmissor responsável por levar informações para diversas áreas do corpo e por disparar a sensação de satisfação, bem-estar e alegria. Quando estimulado demais, nosso sistema de recompensa é alterado pelo excesso, o tornando menos sensível e responsivo. Isso significa precisaremos de estímulos cada vez mais intensos para experimentar prazer e contentamento, o que pode resultar em dependência.

Para algumas pessoas, o medo de ficar sem conexão com a internet ou sem o celular causa um sentimento de angústia e desconforto. A sensação de ansiedade pode vir com uma necessidade de estar constantemente conectado as interações e notificações do celular, aumentando o estresse e disparando sintomas ansiosos como irritabilidade e palpitações.

Fazendo as pazes com a realidade.

Se você já não se lembra quando foi a última vez que deixou de pegar o celular antes de dormir ou se faz muito tempo que você ficou sem usar as redes sociais, pode ser que você esteja precisando de uma “desintoxicação digital”. Frances Booth, especialista em desintoxicação digital, resumiu: "É incrível a diferença que pode fazer apenas um dia sem estar constantemente conectado. Você começa a ter a noção de ter tempo para outras coisas e pensar sem interrupções constantes." Ao compreender melhor como nos relacionamos com essa dinâmica, podemos abrir caminho para uma nova forma de interagir com a internet e, consequentemente, conosco.”

Por onde começar?

A psicanalista Maria Homem resume que “distrair-se de tudo o que nos distrai de nós mesmos é talvez o melhor caminho para a criação.” Precisamos nos permitir mudar e criar outra realidade com temas realistas pois encontrar equilíbrio entre tecnologia e vida offline demanda tempo e adaptação. Podemos começar hoje, com ações simples, como:

  1. Desligue as notificações do seu celular: se não puder desativar os comunicados de todos os aplicativos, silencie apenas aqueles que tiram mais a sua atenção.
  2. Coloque o celular para dormir: colocar o celular em modo avião quando for dormir ou comer é uma oportunidade de incluir aos poucos os momentos de desconexão.
  3. Limite seu tempo de uso ou estabeleça horários para utilizar ou não o celular: é possível se atualizar sobre as noticias do mundo, dos familiares, checar e-mails, responder mensagens através do seu celular sem que isso ocupe tanto tempo. Ninguém precisa passar as 24 horas do dia conectado.
  4. Aproveite o final de semana e curta os momentos: é difícil não utilizar o celular para postar algo, tirar fotos, marcar algo ou conversar com os amigos nos finais de semana. Evite utilizar o celular nos momentos de tédio, deixe-os fora de vista. Volte sua atenção para você e o seu relaxamento para recarregar as energias.
  5. Interaja cara a cara: A interação social pessoalmente fortalece conexões humanas, fomenta laços com colegas e amigos, ajuda a enfrentar a sensação de solidão e alimenta o bem-estar, combatendo a ansiedade.
  6. Exponha-se ao sol: A exposição à luz solar regula nosso relógio biológico, contribuindo para melhorar o sono e aumentar os níveis de vitamina D, o que é essencial para a saúde mental.

Integrar essas práticas no dia a dia dentro do espaço do Ifes – Campus Vitória, onde temos a oportunidade de caminhar ao ar livre, apreciar os jardins, encontrar com as pessoas, o que não apenas relaxa, mas também melhora o humor, pode reduzir o estresse e com isso fortalecer nossa saúde mental e emocional.

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