Como está a sua memória?
A experiência emocional é um forte marcador de memorização, tornando nossa memória naturalmente “falha” por ser subjetiva.
Você já sente que não consegue lembrar das coisas como antes? Em um mundo cheio de informações, será que estamos exigindo demais da nossa memória, ou ela realmente está pior? Para entender essa questão complexa, vamos considerar, entre tantos fatores, a influência da pandemia e da tecnologia no declínio da memória e atenção, e dicas para remediar os impactos.
O que é a memória?
Todos os novos circuitos formados no cérebro que garantem a disponibilidade de informações constituem a memória. Ela opera por meio de impulsos nervosos que ativam áreas específicas do cérebro, e as informações se fixam em nossas memórias de longo prazo quando estão ligadas a uma forte emoção ou quando são repetidas várias vezes.
Sem atenção, não há memória. A concentração é o que “aumenta o volume” do que o cérebro precisa perceber, tornando mais provável que as informações retidas sejam realmente fixadas.
Como memorizamos?
Não conseguimos guardar tudo nem registrar todos os fatos; apenas selecionamos o que é mais relevante. A experiência emocional, seja ela prazerosa ou não, é um forte marcador de memorização, tornando nossa memória naturalmente “falha” por ser subjetiva e limitada. Guardamos um dado de acordo com nossa interpretação, o que não reflete a universalidade do que houve, já que temos apenas nossa própria perspectiva.
Lembrar de tudo o que fez e viu em cada instante da sua vida seria insuportável. Essa “falha” é, na verdade, um mecanismo que ajuda a manter o funcionamento psíquico por meio do esquecimento.
A amnesia digital.
A memória depende de atenção e de treinamento. Se não a utilizamos para nada vamos perdendo a capacidade de memorizar. Quanto maior a quantidade de informações que você entrega para o mundo digital, menos funcionará a sua memória devido a falta de exercício. A superexposição à tecnologia pode alterar nossa neuroplasticidade, afetando a formação de sinapses essenciais, e reduzindo nossa capacidade de concentração e reflexão profunda.
No texto “Estamos conectados demais” publicado aqui no Viver Bem, foi abordado como no mundo de hoje estamos tão necessitados de tecnologia e celulares no dia a dia. O neurocientista Daniel Levitin, escritor do best-seller "A Mente Organizada” alerta que a higienização do consumo superficial de informações digitais é fundamental para a eficiência do aprendizado, atenção e memória. Para Levin, a gestão consciente evita o “estresse cognitivo”, que piora as habilidades cognitivas e emocionais. Esse é um cuidado a mais que podemos ter com a nossa saúde mental.
O que a pandemia tem a ver com isso?
Eliane Correa Miotto, professora do curso de neurologia da USP, explica que as possíveis causas dos danos cognitivos estão relacionadas à inflamação do vírus no cérebro, à ausência de oxigênio suficiente nos tecidos, a distúrbios nos vasos sanguíneos e linfáticos do sistema vascular, que impactaram o funcionamento biológico da memória desde a invasão da COVID-19.
Pesquisas clínicas também sugerem que o efeito do isolamento tem causado uma crescente ansiedade e depressão na população, além da potencialização através da exposição ao excesso de consumo digital e redes sociais para trabalho e lazer durante a quarentena e após esse período, dificultando mais ainda a capacidade de foco e reflexão.
Como diminuir esses prejuízos?
Aqui vão algumas dicas simples e boas para incluirmos na rotina, e por que não torná-las um hábito?
- Decore uma poesia inteira, ou uma música que você goste.
Além de alimentar o espírito, se desconectar positivamente assim alimenta o foco e a memorização.
- Prefira ler mais em papel do que em telas.
Para evitar distrações e aumentar a capacidade atencional, deixe os aparelhos fora disso.
- Leia mais! Diversos estudos comprovam que o habito de ler traz benefícios extraordinários para a memória.
- Evite mexer no celular e abrir o WhatsApp enquanto conversa pessoalmente com alguém, você treinará a sua atenção focada.
- Não acumule janelas abertas no computador.
No trabalho, esse cuidado pode te tornar mais produtivo!
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