Brain Rot, a palavra do ano
"É aquela sensação de estar mentalmente esgotado ou entorpecido depois de horas rolando as mídias sociais."
Se você já se sentiu letárgico após rolar o feed (local onde vídeos e fotos são visualizados) de redes sociais, provavelmente já passou pela experiência de “Brain Rot”. Agora, esse fenômeno ganhou nome no dicionário de Oxford. Traduzida como “cérebro podre” ou “podridão do cérebro”, essa expressão foi eleita como a palavra do ano pela Oxford University Press.
O que é isso?
O dicionário a define como “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de material”, agora particularmente conteúdo online. Esse termo é antigo e foi utilizado pela primeira vez por Henry Thoreau em seu livro Walden, que critica a falta de valorização de ideias complexas na Inglaterra, em 1854.
Em 2023 e 2024, a busca por esse termo ressurgiu, com um aumento de 230% no número de pesquisas na internet, especialmente entre a Geração Z e a Geração Alfa, nascidos entre 1981 e 2009. A doutora em psicologia Elena Touroni explica que isso aconteceu por causa do “aumento de conteúdo de formato curto, como TikTok e Instagram Reels, e o aumento do tempo gasto online”.
"É aquela sensação de estar mentalmente esgotado ou entorpecido depois de horas rolando as mídias sociais, assistindo a programas compulsivamente ou se envolvendo com material que não desafia ou estimula sua mente." É importante ficar de olho no nosso comportamento para percebermos que fomos tomados por uma cultura online que estimula o vício.
Como saber se estou dependente?
A professora universitária Monique Baraúna, especialista em mídias sociais, responde que utilizar telas constantemente para descansar do estresse cotidiano pode ser o primeiro sintoma. Nesse tipo de uso, cinco minutos de tela podem se tornar uma hora ou mais, “é um sinal de que você está gastando muito tempo e não percebe como está gastando esse tempo”, diz Monique.
A “podridão cerebral” tem a ver com a dependência de áreas cerebrais, cognitivas e comportamentais em relação à tecnologia e internet. No texto Estamos conectados demais?, publicado em agosto aqui no Viver Bem, detalhamos especificamente como seu cérebro reage ao uso do celular e como ocorre a dependência digital. Os efeitos variam de dificuldade de concentração, produtividade reduzida e sensação de insatisfação ou até culpa sobre o tempo desperdiçado.
Agora a conversa é séria.
Nossa relação com a internet é muito nova. Foi somente entre os anos 1990 e 2000 que a internet passou a ser acessível. Consequentemente, entender e tratar dos impactos dessa tecnologia em nossas vidas ainda é desafiador, mas a entrada dessa expressão no dicionário reflete a conscientização crescente dos novos hábitos digitais que impactam a clareza mental e o bem-estar.
“Brain Rot fala sobre um dos perigos percebidos da vida virtual e como estamos usando nosso tempo livre. Parece um próximo capítulo legítimo na conversa cultural sobre humanidade e tecnologia”, diz o presidente da Oxford Languages, Casper Grathwohl.
Por enquanto, não tem jeito: teremos que cuidar de nós mesmos.
Isso significa considerar monitorar nosso tempo de tela, o que estamos consumindo e as motivações que nos levam até lá. Já existem aplicativos que nos ajudam a fazer isso, fechando plataformas após um tempo de uso estipulado por você. Vale a pena pesquisar. As dicas abaixo também vão te ajudar (e muito):
• Estabeleça limites – limite horários para o uso e seus períodos de duração.
• Seja intencional nas suas escolhas de mídia – a falta de controle do feed é o contrário do objetivo de liberdade no mundo digital. Alinhe-se a conteúdos com seus valores e interesses.
• Desintoxicação digital – pode parecer mais do mesmo, mas uma interrupção que pausa a sua relação com as mídias sociais vai mudar completamente seu relacionamento com elas.
• Ginástica cerebral – não esqueça que o cérebro é um músculo que rege todo o corpo e se desafie! Priorize exercitar raciocínio lógico, coordenação motora fazendo contas de cabeça, anotações a mão e outras tarefas cotidianas manuais.
• Substitua por alternativas envolventes – hobbies, diários ou leitura são uma ótima opção que fortalecem o cérebro de um jeito feliz!
• Leia Estamos Conectados Demais? - aprofunde seu conhecimento e confira mais dicas úteis sobre controle online e cuidados com a vida offline.
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