Como você define o que é viver bem?
Na sabedoria ancestral dos povos andinos da América do Sul, harmonia e felicidade são interdependentes e sustentadas pela conexão com o todo.
Imagem cortesia de Tatiana Zanon
Para você, o que é viver bem? Os povos indígenas nos oferecem alternativas valiosas de modos de viver. Esses saberes têm influenciado e contribuído cada vez mais para a nossa sociedade. Hoje, apresentaremos um tipo de vida proposto pelo movimento indígena equatoriano.
O “Bem Viver” é uma filosofia dos povos originários da Bolívia e Equador. Nela, a sua individualidade está em uma dimensão dependente de diversos aspectos interconectados. É um modo de vida que aposta na garantia do nosso bem-estar, autorrealização e até saúde, por meio da nossa relação conosco mesmos, com a sociedade e com a natureza na prática.
Essa sabedoria ancestral do povo andino “se afirma no equilíbrio e na harmonia e na convivência entre os seres, na harmonia entre o indivíduo com ele mesmo, entre o indivíduo e a sociedade, e entre a sociedade e o planeta com todos os seus seres, por mais insignificantes ou repugnantes que nos possam aparentar.”
Somente a partir dessas três harmonias é que conseguiremos estabelecer uma profunda conexão e interdependência com a natureza de que somos parte”, segundo o diplomata, historiador e escritor de “O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos”, Alberto Acosta.
Uma experiência coletiva de reciprocidade
Na sabedoria ancestral dos povos andinos da América do Sul, harmonia e felicidade são interdependentes e sustentadas pela conexão com o todo. É uma reflexão muito similar ao Ubuntu, em que “no fim das contas, ajudar o outro é ajudar a nós mesmos”, pois quando suspendemos as necessidades individuais para dar espaço ao bem maior – seja a comunidade ou a natureza – criamos um ciclo de apoio que gera mais paz e recursos para manutenção da vida de todos.
No “Bem Viver” isso acontece com ações menores, pouco a pouco, sem nos exceder e exagerar. É fundamental que ocorra de forma equilibrada e sustentável, pois qualquer tipo de excesso ou acúmulo é completamente dispensável, assim como viver “à custa” de algo ou alguém.
A satisfação própria do Eu no “Bem Viver”
Não se trata de renunciar aos desejos individuais, mas sim de entender que a verdadeira satisfação pessoal surge nos pequenos passos que contribuem para a harmonia da vida. Essa satisfação é genuína, pois atendemos a uma necessidade humana essencial: a de pertencermos a algo maior.
É um tipo de satisfação diferente, pois está enraizado na conexão de reciprocidade. Nos sentimos mais realizados e conectados, como se estivéssemos em sintonia com o fluxo natural da vida. Somos impactados pelas ações dos outros e também temos o poder de afetar a vida do outro, de forma direta ou indireta.
O que você acha da vida que leva?
Para você, o que é viver bem hoje em dia? Para responder a essa pergunta, é importante compreender que a felicidade é "o grau, segundo o qual uma pessoa avalia positivamente a qualidade global de sua vida como um todo, no presente", em outras palavras, o quanto gostamos da vida que temos, como descreve o sociólogo Ruut Veenhoven.
Assim como “o todo é maior do que a soma das partes”, a felicidade não corresponde a soma das nossas alegrias ou conquistas da nossa vida, mas à experiência global de viver. É um estado de espírito contínuo que se apoia no bem-estar que surge quando sentimos que nossas escolhas e nossas vidas estão alinhadas com o que realmente importa. Ela está em como nos sentimos com o que vivemos. E você, como se sente sobre a vida que leva hoje?
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